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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fim da ordem social


Com várias noites de violência, cinco mortos, comoção nacional e prejuízos que ultrapassam 200 milhões de libras, os tumultos urbanos na Inglaterra começam a ser comparados às insurreições que sacodem a França de maneira recorrente.
De fato, tomando somente os últimos dez anos como referência, houve insurreições graves nos subúrbios e nas cidades francesas em 2003, 2005, 2007 e 2010. Sem contar incidentes isolados. Assim, calcula-se que 350 carros são incendiados por vândalos todas as noites na França. Alguns especialistas apontaram as semelhanças e as diferenças entre as sublevações nos dois países.
Do lado das semelhanças há o detonador que, tanto na França em 2005 e 2007, como agora na Inglaterra, originou-se num enfrentamento em que a polícia, voluntária ou involutariamente, causou a morte de um jovem vivendo numa zona urbana desleixada pelos poderes públicos. Em seguida, há também a reação dos governantes e da maioria da mídia que, na França de ontem e na Inglaterra de hoje, negam prontamente a responsabilidade policial e o mal-estar social dos jovens.

Onda de violência na Inglaterra

Foto 10 de 124 - 7.ago.2011 - Mulher caminha em meio à sujeira e escombros deixados após distúrbios nas ruas do bairro de Tottenham, no norte de Londres. Centenas de pessoas saíram de suas casas para protestar após um homem ser morto pela polícia, mas a manifestação acabou em tumulto, com veículos incendiados e prédios depredados Mais Leon Neal/AFP
Na Inglaterra, o primeiro-ministro David Cameron declarou, ao abandonar suas férias na Itália para vir cuidar da crise e dos tumultos em Londres, que isto é "criminalidade, pura e simplesmente". Enquanto isso, o vice-primeiro-ministro Nick Clegg alegava que os protestos nas ruas "não tinham nada a ver", com a morte de Mark Duggan, de 29 anos, abatido pela polícia em Totenham, um bairro pobre e multiétnico de Londres. Tais declarações das autoridades revoltam jovens que se identificam com a vítima e provocam mais incidentes. Enfim, tanto na Inglaterra como na França, o panorama de degradação social influencia os acontecimentos.
De fato, por trás das revoltas há o desemprego, a decadência de áreas urbanas, a falta de perspectivas para jovens saídos de famílias europeias modestas ou de comunidades de imigrantes instalados na França e na Inglaterra. Este último ponto, levou a extrema-direita -- e não só ela -- a atribuir a responsabilidade dos tumultos às minorias étnicas e aos estrangeiros.
Na realidade, os processos dos envolvidos na baderna em Londres têm mostrado que a esmagadora maioria dos acusados tem a nacionalidade britânica. A mesma constatação foi feita na França em 2005 e 2007: os condenados por vandalismo eram majoritariamente franceses. Aliás, mesmo quando são estrangeiros na Inglaterra, muitos dos acusados são cidadãos de outros países da União Europeia. Dispondo assim de livre acesso e estadia no território inglês.
No final das contas, as razões mais profundas do mal-estar social e das revoltas parecem residir na falta de cuidado e diálogo das autoridades locais com as comunidades de jovens deixados de lado pelo mercado de trabalho e pelos serviços públicos. Segundo estudos feitos sobre os motins franceses de 2005 e 2007, nas cidades suburbanas onde os vereadores, os representantes sindicais, comunitários e os serviços públicos e culturais tinham presença ativa, a situação social não se alterou. Nestas cidades, a participação eleitoral continuava sendo elevada, mesmo tomando em conta o fato de que o voto não é obrigatório. Ao contrario do que ocorria em cidades vizinhas, desprovidas deste tecido social e atingidas por distúrbios generalizados. Indo mais longe, muitos especialistas apontam o declínio dos sindicatos e dos partidos políticos de extração popular como um dos fatores que contribuem para a eclosão de revoltas urbanas movidas pela violência.

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